João Pessoa tem as cores da estação
uem transita por João Pessoa sabe que é comum encontrar árvores frutíferas, como mangueiras, jambeiros e cajueiros no meio da rua. Muitas delas já estão carregadas de frutos nesta época do ano e outras estão em floração. Nas feiras livres e até mesmo com vendedores ambulantes nos semáforos, é possível encontrar as frutas da estação à venda para quem não tem uma dessas árvores no quintal.
De acordo com o engenheiro agrônomo Anderson Fontes, que é diretor de Controle Ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), as principais árvores frutíferas localizadas em áreas de parques urbanos, praças, canteiros centrais, calçadas, jardins e quintais de imóveis residenciais e comerciais, bem como em escolas e prédios públicos da cidade são: mangueiras, jambeiros, cajueiros, pitangueiras, fruta-pão, abacateiros, cajazeiros, pitombeiras, jaqueiras, oliveiras e coqueiros. 
“Nessa época temos início de frutificação das mangueiras, que começa agora em novembro. O jambeiro inicia no mês de janeiro. O cajueiro teve início em setembro e está finalizando agora em novembro. A jaqueira teve a sua frutificação em outubro, com a maturação do fruto. A pitangueira também iniciou sua frutificação em outubro, indo até janeiro. O cajá e a pitomba só vão chegar em janeiro”, explicou Anderson.
Ele destacou que as árvores frutíferas no meio urbano, além de proporcionar sombra, ajudam na alimentação da população, principalmente a mais carente. Outro ponto importante é a capacidade de retenção de poluentes (partículas) nas folhas para controlar o nível de poluição dos espaços urbanos, como também ajudar no microclima, tendo em vista que a arquitetura da copa de uma frutífera sempre é mais frondosa.
Essas árvores também ajudam na economia local. “A população pode, por meio de associações, coletar os frutos e vender em feiras orgânicas mais baratos, tendo em vista que o custo da produção é gratuito. Esse processo ocorre sempre em pequenos parques urbanos, como, por exemplo, o Parque Linear das Três Ruas, nos Bancários, e o Parque Augusto dos Anjos, no bairro do Valentina”, comentou.
Apesar da presença marcante em algumas ruas da cidade, principalmente nos bairros do Centro e Jaguaribe, a verdade é que essas árvores estão escasseando, em grande parte porque, cada vez mais, as casas e terrenos dão lugar a edifícios e empreendimentos comerciais sem arborização. Essa, porém, não é a única ameaça às frutíferas, conforme explicou Anderson. “A raridade das árvores frutíferas no meio urbano não é apenas pelo crescimento imobiliário; passa também pela questão do processo climático. Muitas dessas árvores são suscetíveis a doenças e pragas, ou seja, com o aumento da temperatura, as árvores frutíferas ficam com alguns problemas fitossanitários, não tendo tratamentos para controlar e combater doenças e pragas urbanas em árvores viárias localizadas nos espaços urbanos”, disse.
Anderson, que é diretor da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana no Nordeste, também acredita que esse tipo de árvore não está mais na preferência do pessoense. “Na verdade, o plantio que o pessoense realizava em quintais e espaços de jardins caiu muito, porque os moradores preferem plantar plantas ornamentais e palmeiras, procurando embelezamento da área”, opinou.
Ele ressaltou, porém, que a Semam realiza o plantio de frutíferas, dentro do Programa João Pessoa + Verde, em espaços de grandes praças, parques urbanos e canteiros centrais adequados. “Temos plantado bastante árvores frutíferas, como mangueiras, cajueiros, cajazeiros, pitombeiras em áreas dos parques urbanos e margens de rios, onde, só neste ano, plantamos, durante o inverno, mais de 700 mudas”.
Frutas unem essência nutricional e sabores
A nutricionista Jéssica Lisboa afirmou que consumir as frutas da estação é importante para manter a qualidade, a essência dos nutrientes, o sabor. “Quando a gente opta por frutas que estão na estação, na sazonalidade, elas vêm com muito mais qualidade, porque elas estão na plantação delas, estão com mais nutrientes, estão com um aspecto melhor, cores melhores”, disse.

Frutas vermelhas, como acerola, têm muitas antocianinas e antioxidantes
Pelas cores, é possível escolher a fruta que tem o nutriente procurado. “As vermelhas, alaranjadas, elas vão ter muitas antocianinas, antioxidantes. Os amarelados, alaranjados, vão ter betacaroteno, vitamina A, como uma manga. Então é muito importante essa diversidade, além das fibras que as frutas contêm, que vão ajudar também no equilíbrio do intestino, da microbiota intestinal. Então é disso a importância que a gente consiga variar o máximo de opções de frutas por dia, até cinco porções, que é o que recomenda o Ministério da Saúde, o ‘Guia Alimentar da População Brasileira’”, explicou.
De acordo com Jéssica Lisboa, a melhor forma de consumir frutas sempre será a forma integral dela, seja uma unidade, fatia ou porção. Uma porção de acerola, por exemplo, corresponde a 10 unidades, já uma porção de cajá seriam de cinco a seis frutos. Ela disse, no entanto, que os sucos preparados com a fruta ou com polpas de boa qualidade também são uma opção de consumo. A recomendação, porém, é evitar os sucos junto com grandes refeições, pois, nesses casos, eles podem atrapalhar a digestão e causar refluxo ou azia. Outra recomendação é evitar os sucos industrializados.
Uma dica da nutricionista é preparar um suco verde pela manhã, juntando couve com cajá, ou manga, ou acerola, ou caju. Segundo ela, a bebida tem vitamina C, selênio, zinco e magnésio, que vão melhorar o funcionamento da tireóide. “A vitamina C presente em frutas como acerola, caju, cajá, manga, é muito importante para reduzir o cortisol, aquele hormônio do estresse e que precisa ter no nosso corpo, mas, em grande quantidade, ele atrapalha o nosso metabolismo, fica associado com excesso de gordura corporal. Então esses alimentos ajudam a modular de forma estratégica esses picos de cortisol também. Já a melancia é muito rica no nutriente citrulina, importante para a vasodilatação, para quem corre, para o manejo da pressão arterial”, afirmou.
Jéssica Lisboa explicou que, ao transformar as frutas em bolos, doces e outras preparações, o aquecimento faz com que haja uma redução dos nutrientes. “O ideal seria sempre a fruta integral para eu ter a maior biodisponibilidade das vitaminas e minerais que aquele alimento proporciona. Mas eu não preciso deixar de consumir geleias, bolos, etc. Eu posso fazer tudo em quantidades moderadas, para não me gerar prejuízo na saúde, não desregular taxas de sangue, não aumentar o peso, mas tem que ter cautela, de fato. Eu não tenho 100% dos nutrientes ali, eu tenho uma perda significativa de 20%, 30% desses nutrientes, dependendo do aquecimento”, ponderou.
Conservação
Sobre a melhor forma de conservar as frutas, a nutricionista Jéssica Lisboa explicou que frutas com maior teor de água têm mais facilidade de se deteriorar. É o caso de uvas, morangos, maçãs, laranjas e outras frutas cítricas, que devem ser guardadas na geladeira. “Se eu fiz a injúria na fruta, eu cortei em fatias ou já comprei fatiado, é óbvio que elas precisam da refrigeração, porque elas vão oxidando, então a refrigeração evita que se estrague com mais facilidade”, completou.
“Tem frutas que amadurecem após o colhimento, que são as frutas climatéricas, como banana, abacate. Elas podem ficar fora da geladeira, atingem a sua maturação e não estragam, mas vai chegando o ponto que ela vai ficando mais oxidada, com a casca mais escura”, contou.
Para não perder as frutas que estão começando a estragar, é possível congelar algumas delas ou preparar receitas diversas. “Eu posso retirar a casca da banana, congelar, bater com uma proteína, fazer um shake. Então eu consigo, de fato, conservar essas frutas, um caju, uma acerola, bater, transformar elas em polpa e utilizar para sucos mais para a frente, ou fazer doces e geleias com aquela fruta que já está para se estragar. Manga também eu consigo passar no liquidificador, fazer um creme, colocar no congelador e consumir como um sorvete”, exemplificou.